Janelas CASACOR / Santa Catarina abre reflexão sobre os desejos de vida

Transformações emergenciais da Casa da Pandemia

Os nove espaços/vitrines em cartaz no projeto Janelas CASACOR / Santa Catarina, em exposição física e digital até 08 de dezembro, conjugam as transformações emergenciais provocadas pela pandemia. Vamos refletir?!

Definir qual a palavra que representa o momento, a mudança impactada no desenho, na dinâmica da rotina. Um verbo que aciona o movimento imposto, reorganizado em funcionalidade para atender o corpo. Ao mesmo tempo que revelam o desejo humano amparado pela casa, pelo morar e todos os sentimentos que emergem num tempo de incertezas do agora.

“Verbos e espaços” é uma forma de documentar as produções e reflexões geradas pelos arquitetos e designers participantes desta edição. Pensar na tridimensionalidade de uma palavra como proposta de morar. Essas palavras ganham nova camada com a colaboração de profissionais convidados de diversas áreas, que acrescentam seus pontos de vista acerca do significado do termo. A série de vídeos pode ser assistida no perfil da @casacorsc

“A troca é importante, assim como o diálogo como forma de compreender o que atravessa a existência neste momento. Estamos falando de ambientes, de morar, porém há uma camada mais profunda que precisamos compreender. Quais os sentimentos envolvidos nesta busca nos espaços, não só na parte de funcionalidade para tocar o dia-a-dia, resolver demandas de trabalho. Qual o sentimento que lidamos? Ouvir relatos distintos nos abre uma perspectiva interessante e nos aproxima ainda mais”, conta Francis Bernardo, franqueada do Janelas CASACOR / Santa Catarina.

Papo profundo e partilhado

Repensar a vida conduziu a criação dos arquitetos Daniel Ghizi e Carolina Zettermann de Almeida no ambiente multifuncional e compacto, de 37 metros quadrados, o “Multi – House”.

Para a designer de produto e influencer Susane Raiter do perfil @design_inside, repensar a casa, a convivência tão longa dentro dos lares transformou usos e funções, revigorando uma nova percepção de moradia.

“As casas por definição são nossa terceira pele, logo após o vestuário. E representa muito do que somos. É muito interessante analisarmos que esse repensar, essa mudança nos nossos lares, reflete nada mais do que as nossas mudanças internas”, partilha.

Novo morar está representado no Hub Smart Home – Fontana de autoria dos arquitetos Lilian Maravai, Daniela Viana e Gabriel Eufrásio Nunes.

“Esse tão falado novo morar, que nos trouxe tanta reflexão, tanta identidade, tanta intimidade com os nossos lares. É o ser, sentir, o agora, a casa mais autoral. Revisitar todos esses temas e repensar, na verdade, quem são os novos humanos desse novo morar. Afinal, não tem como existir um novo morar sem que exista novos humanos”, questiona Michele Pires, diretora da Associação Brasileira de Designers de Interiores em Santa Catarina (ABD/SC).

Readaptar é perspectiva lançada pelo designer de interiores Fernando Dal Bosco na “Casa de Areia”. Carolina Votto, professora doutoranda em Filosofia da Educação, desdobra o termo.

“Readaptar a vida nos faz adentrar a Casa de Areia, como o livro de Borges “A Casa de Areia”, como um espaço sem princípio nem fim. Mas situado na alegria do instante profundo. A areia nos fala da temporalidade frágil dos dias, mesmo sutil em sua textura, presentifica a coragem de no tempo se mostrar permanência. Readaptar-se é como pisar duas vezes em num mesmo solo no qual nunca somos os mesmos. Readaptar os afetos, readaptar os sentidos, readaptar a paisagem da vida, existir num estado de invenção. Abraçar a sala como quem busca orientação dos sábios gregos para aceitar aquilo que passou. Olhar pela janela como se estivesse aconchegado pelo tempo e suas variáveis eternas. Readaptar a casa e nela reconhecer a beleza do corpo, no acontecimento que perturba insistir num sopro de vida”, fricciona.

Acolher é proposta do “O Idílico Morar”, com assinatura de Marcelo Gouveia, Edenilson Bertoldi e Luana Bertoldi. Um sentimento que diz muito para o jornalista Adriano Barbosa. “O acolhimento traz essa sensação de refúgio, de abrigo, de pertencimento a algo que nos traz segurança. É o que a gente busca em nossas casas, nesses nossos tempos, tão duvidosos quanto 2020. Duvidosos para alguns e certeiro no acolhimento para outros”, relata.

Fluir é característica marcante da “A Casa Nômade” das designers de interiores Linda Martins e Cris Araújo. Para Marcelo Fialho, médico psiquiatra e artista do estúdio @otropicalista, a incerteza é o habitat natural da vida Humana.

“Escorrer, escoar, emanar. Em tempos líquidos, onde nada mantém sua forma por muito tempo, tornar-se mais importante compreender e aceitar a impermanência. A que digo inclusive que a realidade é uma matriz de conexões e desconexões aleatórias com volume essencialmente infinito de permutações possíveis. Mudamos o tempo todo, cada vez mais rápido, de humor, de ideia, de casa. Fluir é reconhecer que a incerteza é o habitat natural da vida humana”, destaca.

Simplificar é o desejo da arquiteta Natália Xavier na “Cozinha Nórdica Deca”. A palavra soa como um convite para a arquiteta do @casa.de.raiz Hellen Firmino.

“Simplificar é um convite a viver o simples, viemos do simples. Entender o imperfeito sendo perfeito. Nos desconectamos, lapidamos até as profundezas ao ponto de nos reconhecermos. Vem o caos e a proposta agora é simplificar a vida, a casa, as relações e a nós. Para que sejamos verdadeiros e originais”, defende.

Conectar é palavra-chave do “The Ring Light Room” da arquiteta Thayane Santana.

Também elo que aflorou os dias da jornalista Letícia Wilson da @revistaareaoficial

“Esse ano as conexões foram fortalecidas, conexões digitais como nossas ferramentas, instrumentos, novas necessidades. Para mim a conexão é muito maior, é nosso elo para conectar pessoas, para permitir novos negócios, oportunidades. Principalmente para ajudar a construir, servir, transformar. O nosso elo como conexão para um mundo melhor”, comenta Letícia.

Desacelerar é ritmo na “Casa Freijó” do arquiteto Michael Zanghelini. A palavra teve identificação imediata com a jornalista do @portalarqsc Simone Bobsin.

“Desacelerar, o verbo tem a ver com a minha palavra do momento que é o silêncio. Acho que o desacelerar tem a ver com o parar, com a pausa e com a escuta tão necessária”, conta a jornalista.

Coexistir reflete a Casa Global, projeto do arquiteto Geovani Capelina.

Coexistir, compartilhar, conviver, construir, segundo a psicóloga Andrea Zanella, é conjugar esses verbos no infinitivo porque infinitas são as possibilidades de vida. “De nos objetivarmos criativamente. Se o somos é porque somos necessariamente relação, nós somos o que somos porque estamos em diálogo com as múltiplas vozes sociais que nos habitam. Com os muitos outros com os quais compartilhamos nossas existência, com os quais coexistimos”,  afirma.

Os espaços/vitrines ficam em exposição até 08 de dezembro nos shoppings da Almeida Junior: Balneário Shopping (Balneário Camboriú), Neumarkt Shopping (Blumenau), Nações Shopping (Criciúma) e no Continente Shopping (Grande Florianópolis). A visitação pode ser por meio digital no site www.janelascasacor.com

Fotos: Lio Simas

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