Pela quinta vez na mostra, as arquitetas Fernanda Morais, Fernanda Tegacini e Nathalia Mouco, da Très Arquitetura, assinam este ano o projeto em parceria com a Portinari. Com uma curadoria assertiva e focada na valorização do tempo e resgate das memórias afetivas, o visitante irá conseguir se transportar para uma atmosfera de acolhimento, escuta e carinho. O projeto de 200 m² traz ambientes neutros e fluidos, tendo como conceito principal o aconchego. Com a premissa de ressignificar o morar, proporcionado alma e leveza, que transcende arte e poesia, a generosa casa une conforto e versatilidade e se divide entre living, cozinha, sala de jantar, suíte máster com home office e área de banho.
Com uma paleta clara e suave, uso de tecidos neutros e mobiliário de traços leves, a casa traz referências de uma atmosfera minimalista e deixa em evidência peças importantes do projeto em uma integração suave.
A diversidade de materiais explorados, tornam relevante o espaço pensado para ser funcional, atendendo aos usos do cotidiano e oferecendo ao living um toque versátil e informal. Contrapondo a presença marcante da cerâmica, a paleta suave e neutra se mistura com a madeira, marca registrada do escritório, criando assim uma atmosfera leve e aconchegante.
Entre as obras de artes mais importantes do ambiente estão: Quadro Degradê, da Artur Fidalgo Galeria, assinado por Eduardo Scatena; o quadro Retrato do Olho de Félix Émile Taunay, da Galeria Zipper, assinado por André Penteado; a tapeçaria feita especialmente para o ambiente por Carolina Kroff e a peça da Coleção Cristais, de Carol Gay.
Para finalizar o encanto do projeto, os visitantes vão se deparar com os “Aconchegos de Portinari”, poemas em todos os cômodos, ampliando a jornada sensorial da ação. Os textos, que tratam das sensações e emoções relacionadas a cada ambiente da casa, estarão impressos em cartões especiais que poderão ser levados para casa em um envelope distribuído na entrada, como recordação da experiência.
Quando sorveu um gole de chá com as migalhas de uma madeleine, o escritor Marcel Proust (1871-1922) sentiu-se imediatamente transportado para seus tempos de menino em Combray, na França. “…estremeci, atento ao que se passava de extraordinário em mim. Invadira-me um prazer delicioso, isolado, sem a noção de sua causa”. A cena eternizada no clássico Em busca do tempo perdido (publicado em 1913) reverbera nos dias de hoje em um momento universal pela busca dos prazeres da vida, do pertencimento das emoções e do significado do morar na existência humana.
Fotos: Denilson Machado
Vale atenção e reflexão:
- Revestimentos explorados de forma inusitada;
- Mobiliário contemporâneo e peças de design em concordância com a arte e peças artesanais;
- Tons neutros, leveza e fluidez no ambiente;